Edição de 2019 foi realizada no Centro Cultural Mister Watkins e trouxe o tema “Álcool, Drogas e outras Violências”
Para combater com eficácia as drogas, é preciso entender as diversas situações pelas quais pessoas com vício passam. Por isso, o Conselho de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de Mesquita (ODS) desenvolveu, na última quinta-feira, dia 11 de julho, o 6º Seminário de Dependência Química. A edição de 2019 trouxe como tema “Álcool, Drogas e outras Violências” e debateu a importância do apoio ao dependente químico.
Agora recuperada de seu antigo vício, Jussara Correia esteve presente no evento para testemunhar sobre o assunto. “Perdi meus filhos e a confiança da minha mãe. Acabei sendo internada, porque não vi outra escolha para mim. Lá, fui abraçada por pessoas que me mostraram que eu sou alguém”, declarou comovida.
Jussara, atualmente, tem uma casa e resgatou o amor de seus filhos. Ela aproveitou sua recuperação para ajudar quem precisa, como moradores em situação de rua. No entanto, não precisou passar pelo mesmo que muitos dependentes químicos, que acabam por encarar anos em cárcere, como apresentou a doutora em criminologia, Talita Pequeno.
Talita conversou com os presentes sobre os avanços da legislação e os fundamentos jurídicos relacionados ao uso de drogas. Segundo ela, apesar da pequena evolução, o governo brasileiro já avança bastante sobre o assunto. “Demoramos a entender, por exemplo, que a pessoa, às vezes, não tem condição de escolher melhorar. Foi aí que surgimos com a internação compulsória”, esclareceu.
A internação compulsória, mesmo sendo um assunto polêmico, é para alguns a única solução. Ela explicou, entretanto, que a lei (PLC-37/2013) prevê que é preciso um laudo médico gerado pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) para que seja realizada.
O Presidente da Comissão de Prevenção ao uso de Drogas da ALERJ, Danniel Librelon, esteve presente no evento e explicou a importância de políticas públicas para os dependentes químicos. “Infelizmente, nós encontramos uma sociedade que pouco quer ouvir sobre algo que tem crescido de forma alarmante no nosso Estado. O debate é difícil, mas faz parte de quase toda família brasileira, e isso só vai ser resolvido quando houver uma unificação dos órgãos públicos”, disse.
Vícios e Violência
Mais do que um mal próprio, as drogas – lícitas ou ilícitas – podem gerar danos também às pessoas próximas ao dependente químico. Foi o que esclareceu uma das organizadoras do projeto do Instituto de Segurança Pública (INSP), “Dossiê Mulher”, Vanessa Campagnac, que também esteve presente no evento.
O Dossiê Mulher traz informações relativas à violência contra a mulher no Estado do Rio de Janeiro. Nestes relatórios é possível, por exemplo, notar que o índice de violência doméstica tem grande relação com a bebida. “Muitos são os relatos de mulheres que dizem que o parceiro só age com violência quando sob uso de álcool. Além de machucar diretamente alguém, isso pode servir como exemplo para uma criança reproduzir o comportamento mais tarde”, revelou Vanessa.