Profissionais que atuam nas unidades que seguem novo modelo chegam a se juntar para organizarem confraternizações com os usuários
Um dos principais diferenciais do modelo de saúde adotado pelas clínicas da família é a criação de vínculo entre os usuários dos serviços e os profissionais. Em Mesquita, essa diretriz é levada tão a sério que os próprios funcionários das três unidades já inauguradas no município se empenham, pessoalmente, nisso. Em dezembro, por exemplo, as clínicas Walter Borges (Chatuba), Dr. Jorge Campos (Coreia) e Jacutinga promoveram festas de Natal com direito principalmente a lanche, distribuição de brinquedos e até presença de Papai Noel. Tudo organizado pelos profissionais, que custearam as comemorações.
“Os usuários se sentem valorizados quando criamos esse tipo de iniciativa. Também entendemos que, se estamos cuidando da saúde dessa população, essa preocupação precisa ir além do físico. Quando oferecemos uma festa de Natal, estamos olhando para o emocional deles, melhorando a autoestima e estimulando o convívio deles conosco e com os outros usuários”, avalia Rita de Cássia de Pinho, enfermeira da Clínica da Família Jacutinga.
Jeito de conhecer os serviços
Nas três clínicas, as celebrações de fim de ano incluíram parques infantis na área exterior. “É uma maneira de entreter as crianças menores enquanto não chega o Papai Noel”, diz Maria de Souza, de 32 anos. Mãe de duas crianças, uma com 7 anos e outra com nove meses, a auxiliar de serviços gerais não chega a se consultar na clínica. Uma amiga, no entanto, a convidou. “Somos bombardeados, o tempo todo, com notícias de que a saúde pública não funciona no estado do Rio. Eu me mudei há pouco tempo e não tinha ideia da quantidade de serviços que existem aqui. Hoje não estou com os documentos, mas vou voltar para atualizar meu endereço no SUS. Minha família vai se tratar aqui”, conta ela, moradora da Jacutinga.
Solidariedade de berço
Administrativo da Clínica da Família Jacutinga, Fernando Fernandes Júnior garante que foi com a mãe que ele aprendeu a exercer a solidariedade. Foi ele o Papai Noel da festa da unidade, que aconteceu no dia 27 de dezembro. Mas a função já é desempenhada por Fernando há 20 anos, só que em outro espaço. “Minha mãe é diretora de um orfanato em Senador Camará (Zona Oeste do Rio). Na época, eles não tinham a quem recorrer e me ofereci para vestir a roupa. Deu certo e continuei”, conta.
O rapaz assegura que, mesmo com tantos tecidos no corpo e a agitação desse tipo de festa, há algo que não passa despercebido. “É gostoso demais sentir o coração dessa criançada batendo forte. A gente vê o quanto muitas delas precisam desse carinho, desses brinquedos. Algumas não vão ganhar mais nada para brincar no fim do ano”, afirma, emocionado. Para as comemorações nas três unidades, mais de mil brinquedos foram doados.